terça-feira, 26 de janeiro de 2021

ESCRITURA CONQUISTADA | Beatriz Hausner (Chile, 1958)

  


CAMINHOS DO SURREALISMO

 


FM | Agora mesmo eu ouvia uma leitura tua na Internet, tua presença em 2011 em algo intitulado 100 thousand poets for change, em Toronto. Suponho que antes de surrealista, és essencialmente poeta, assim que podemos começar por aqui: o que pode mudar a poesia, inclusive através de eventos como este?

 

BH | Não. Para mim é impossível separar os dois conceitos. Surrealista e poeta são sinônimos, são inseparáveis como conceitos. Penso que a poesia é um meio, um instrumento com o qual é possível transformar a realidade. Esta lição eu a aprendi com Aldo Pellegrini, quando traduzi (creio que foi, de fato, minha primeira experiência com tradução) um brilhante ensaio seu: “Poesia é tudo aquilo que fecha a porta aos imbecis”. Creio que esta possibilidade é a grande contribuição do Surrealismo à sociedade moderna e sinto que neste ponto radica sua potência e vigência.

 

FM | Uma vez falamos de Surrealismo e me disseste que ele significava para ti “a possibilidade de tocar o absoluto”. Podes aclarar um pouco a tua ideia e dizer-me quais possibilidades tem a gente comum, através do Surrealismo, de tocar o absoluto?

 

BH | Quando me refiro ao absoluto eu penso nesse momento mágico que se dá quando escrevo poesia. É como se todos os impedimentos e limitações que impõe a vida diária (que, contraditoriamente provê os elementos dos quais está feita a poesia), as restrições que inventa a gente, se dissipassem e, de repente, como por magia, alguém entrasse em um espaço onde tudo parece claro, puro, visível, sensível, onde tudo é POSSÍVEL.

 

FM | Não sei o que opinas das relações entre ciência e religião, mas o que observo é que há demasiado embate entre as duas esferas e que a arte foi ficando fora desse tablado de especulações e decisões, o que significa dizer que a beleza já não importa quando o tema é a precisão científica ou a divagação religiosa. Observando isoladamente o tema, alguém pode lastimar que o mundo tenha se tornado feio, simplesmente. Porém, o que houve com a terceira força, a arte?

 

BH | Parece que a arte e a ciência, a estas alturas, se irmanaram. É um processo que, ao meu ver, vem se dando desde o Iluminismo. Eu uso muito material que provém da ciência em minha poesia, sobretudo das ciências orgânicas. Se eu fosse mais inteligente, e entendesse melhor os conceitos das ciências puras, como a física (por exemplo, ao que parece os físicos desenvolveram equações que comprovam que há mais de três dimensões, que podem ser quatro ou cinco ou seis…), as matemáticas, estou segura que me serviria delas para enriquecer meu processo poético. Tudo está relacionado. TUDO. Quem sabe a religião, ou melhor, o religioso, é como a poesia, algo transformador, uma força interior que permite aos seres o poder sentir, ver, perceber outra realidade, mais rica, dentro da própria realidade em que se desenvolvem. A mística é possível dentro do mundo científico e artístico, segundo a concebo.

 

FM | Já sei que tuas referências são muito fortes acerca do que chamas de Surrealismo em sua “expressão hispano-americana”. Como sabes, este nosso diálogo é parte de um livro sobre a presença do Surrealismo em todo o continente americano. Tua experiência de vida está situada em Toronto. No próprio Canadá, há como duas expressões surrealistas, para seguir com tua visão. Como tens relacionado essas distintas expressões, a partir de uma base, que é europeia, para definir uma percepção tua do Surrealismo?

 

BH | Excelente questão! O problema, segundo penso, é que a vida cultural de Toronto é muito recente. Até os anos 1970, o mundo artístico era muito limitado aqui. Tivemos exceções, como o caso de W. W. E. Ross, que experimentou com a expressão através da imagem; o pintor e artista gráfico Bertram Brooker, cuja obra pictórica tem referência próxima com o Cubismo. Porém são casos isolados, que não pertencem a uma corrente, a uma tendência, muito menos a um movimento artístico como o Surrealismo. A fonte de tudo isto radica no fato de que Toronto se origina em um conservadorismo extremo, como reação ao espírito revolucionário e independente dos Estados Unidos. Tudo isto combina com um preconceito subjacente no antigo mundo anglo-saxônico referente a toda ideia de excesso ou emoção. Quando eu era adolescente, recordo, minhas colegas de classe me acusavam de ser too emotional, como se isto fosse uma falha. Até hoje se percebe um medo, um preconceito em relação às imagens como forma de expressão. Por isso, a arte e a poesia experimental se expressam melhor através de formas abstratas e expressões mais conceituais. Creio que estas últimas são perfeitamente compatíveis com o Surrealismo, que existiram sempre no Surrealismo (Duchamp, Man Ray, movimentos como COBRA e R.I.X.E.S.), porém aqui se associam como algo incompatível com o Surrealismo.

Tem sido excessiva a ignorância a respeito do Surrealismo no mundo inglês. Eu creio que tem a ver com o medo da possibilidade de mudança total que propõe o Surrealismo, dessa ideia de transformação que eu menciono e que é, quando se pensa em sua totalidade, uma forma revolucionária de conceber o mundo, algo que parece estar oprimido pela cultura anglo-americana. Talvez eu me equivoque, porém esta é a minha experiência.

 

FM | O Surrealismo no Canadá, em sua aparente complexidade, está definido pelo duplo ambiente linguístico?

 

BH | Me parece interessante que uses a palavra “complexidade”. Eu vejo a problemática como algo extremamente simples. Em Quebec se dá o Surrealismo e no mundo anglo-canadense não se dá. Em Quebec coincide com uma reação à igreja católica e seus poderes extremos no que diz respeito à repressão cultural e social. Ou seja, através de visionários como Paul-Emile Borduas e seus amigos (os irmãos Gauvreau e Françoise Sullivan são meus favoritos), tem início a verdadeira revolução cultural em Quebec. E o interessante é que se baseiam no automatismo, tal como propunham os primeiros surrealistas, para identificar-se dentro dessa mudança cultural. No Canadá inglês não se dá nada assim. Só agora recentemente, na última década, é que alguém pode se expressar como surrealista sem cair no ridículo.

De volta a Quebec. Em uma mesa-redonda que ocorreu há aproximadamente dois anos, por ocasião de uma exposição retrospectiva sobre Les Automatistes (como prova do marginal que é o Surrealismo nesta cidade, menciono que não foi possível fazer a exposição no Museu de Arte Moderna de Toronto, mas sim em um centro cultural em um pequeno distrito fora da cidade), ali se falava do contexto social dos anos 1940, quando surge o Surrealismo em Montreal, como a igreja em Quebec controlava o que a gente podia ler através de uma lista de livros estritamente proibidos; eu indaguei a Françoise Sullivan, que estava presente, de onde tiravam os textos surrealistas nessa época? Como faziam para obter todo esse material produzido na França e em Nova York, por exemplo? Ela me contou que, em seu caso, uma bailarina e artista do grupo automatista tinha uma irmã que trabalhava como babá para o dono da galeria Pierre Matisse em Nova York, onde expunham os surrealistas. Ela trazia de volta a Montreal revistas como Minotaure e outras publicações surrealistas da época. Os automatistes que viajavam a Paris faziam outro tanto. Ou seja, o tráfico de ideias era entre Paris, Montreal e Nova York. Nunca se deu tal fenômeno no mundo anglo-saxônico canadense.

 

FM | Este tipo de tráfico se verificou de várias maneiras em todo o continente. Revistas surrealistas francesas que foram levadas ao Chile por Pablo Neruda, por exemplo, passaram às mãos do grupo Mandrágora e depois, graças a Alberto Baeza Flores, foram parar nas mãos dos dominicanos da revista La poesía sorprendida. Mas note que eu falei em aparente complexidade. Na primeira metade do século XX foi muito forte a presença do Surrealismo no Canadá francês. Há movimentos que são importantes, como Automatistes, Refus global e Les herbes rouges, especialmente nos anos 1940. Há todo um sistema: editoras, galerias, críticos, pesquisadores etc. Já no Canadá inglês o Surrealismo chega um pouco pelas mãos da Escola de Nova York e a Beat Generation. São ambientes muito distintos e quando em 2004 se publica o livro Surreal estate, de que participas, logo no título se menciona que há Surrealismo, sim, porém under the influence, e o próprio editor do livro, Stuart Ross, na apresentação observa que Toronto não é um ninho subversivo do Surrealismo. Certamente quero a tua opinião sobre tudo isto, mas em especial indago sobre os ambientes que não são propícios ao Surrealismo.

 

BH | Não creio que o Surrealismo chegue ao Canadá inglês através da Beat Generation, nem da assim chamada Escola de Nova York. Em minha opinião, o Surrealismo chegou a Toronto através de meus pais, Ludwig Zeller e Susana Wald. A opinião de Stuart Ross contém um erro de tipo conceitual, onde se concebe o Surrealismo como um estilo, uma estética, e não como uma filosofia de vida. Os Beats, sim, foram influenciados pelo Surrealismo, sobretudo por poetas levemente independentes do grupo original de Paris, como os irmãos Prévert. E há, entre os artistas estadunidenses dessa geração, como Ira Cohen, aqueles que viveram a aventura surrealista. Isto não se deu aqui em Toronto até bem recentemente, nos anos ‘90, com as atividades de um grupo de artistas que se denominam Recordists (William Davison, Sherri L. Higgins e Steve Venright) que têm levado a cabo atividades nitidamente surrealistas. Ray Ellenwood e eu nos juntamos a eles em Toronto. Também colaboraram com os Recordists Enrique Lechuga e Peter Dubé, um escritor surrealista de Montreal. O único lugar onde existiu um grupo surrealista em língua inglesa no Canadá foi em British Columbia, com os artistas Gregg Simpson e o falecido escritor de origem inglesa Michael Bullock, entre outros.

 

FM | Poderias falar um pouco de tuas referências surrealistas (não necessariamente na poesia, porém sem fronteiras linguísticas) no Canadá?

 

BH | A mim me resulta incrivelmente estimulante a obra de meus amigos surrealistas Sherri L. Higgins (cujos collages estão na capa de dois de meus livros: The stitched heart e Sew him up) e William Davison. Conversar com Peter Dubé e Ray Ellenwood sempre me enriquece. Na plástica histórica do Surrealismo canadense me inspira a obra de Borduas, cujas abstrações da paisagem canadense são maravilhosas. E me encanta o que fez Françoise Sullivan na dança. É completamente transformadora sua coreografia, tão original e bela. Embora em outro estilo, tem algo em comum com a estadunidense Alice Farley. Acabo de me dar conta, ao fazer essa recordação, o importante que me resulta a dança, a festa, a combinação de movimento e som em um espaço tridimensional.

 

FM | Levaste ao leitor de língua inglesa no Canadá a poesia de uma reunião magnífica de poetas hispano-americanos (The invisible presence, 1996). Qual foi a reação diante de um mundo mágico que puseste ao conhecimento dos poetas canadenses?

 

BH | É estranho, porém esse livro, apesar de não ter recebido maior atenção por parte dos meios estabelecidos, ainda anda circulando. Os poetas daqui seguem fazendo referências a essas traduções. Pouco a pouco vou editando pequenas antologias de alguns dos poetas que aparecem aí pela primeira vez em língua inglesa, como César Moro, Rosamel del Valle, Enrique Molina, Aldo Pellegrini e os poetas da Mandrágora.

 

FM | Como se atualiza o Surrealismo, no plano estético, tomando em conta as seduções tecnológicas e o ambiente midiático?

 

BH | Há mais disseminação de ideias, em geral, e me interessam as publicações eletrônicas, porém me parece que o Surrealismo segue funcionando como uma espécie de sociedade secreta. Não creio muito na efetividade da tecnologia. É um aparelho e, por consequência, uma imposição de um poder alheio ao impulso poético. A criação continua sendo algo que se dá como por milagre, como por magia. Para comunicar-me com meus amigos surrealistas eu prefiro a telepatia.

 

FM | Regressemos à poesia, à tua poesia. Ali está a soma do mistério e sua carnalidade, é algo que me encanta em uma poética, que não seja o abismo entre dois pontos, porém a soma deles. Conta-me um pouco de tua vida, como o Surrealismo mudou a tua vida, como podes mudar a vida do Surrealismo em suas leituras demasiado desencontradas.

 

BH | É difícil para mim a vida que me coube viver. Tão difícil, de fato, essa constante impossibilidade de viver em um mundo aberto à magia do verbo, às sensações e às imagens, que houve uma época em que deixei por completo o Surrealismo. Deixei de escrever poesia, tratei de viver de outra maneira. O que me manteve viva foi servir à poesia traduzindo outros. Porém escrever através de outros (para mim, isto é a tradução) também se tornou insuportável. Chegou um momento em que entendi que necessitava reconciliar-me comigo mesma, que o mundo que eu havia construído ao meu redor, onde dominavam o doméstico e o trabalho, que esses mundos podiam servir como fonte do poético. E o entendi escutando música popular. Em um disco do grupo The Supremes encontrei o eco de minhas nostalgias românticas; em Blonde on blonde, de Bob Dylan, a expressão de minha raiva das minhas chefes, minhas opressoras no trabalho; em Annie Lennox encontrei a expressão do quão elegante e estilizada pode ser a presença poética; em Stevie Wonder identifiquei a ideia do som poético, o que chamam wall of sound: a música e o poético como um universo total; em Sly and The Family Stone encontrei minhas equivalências rítmicas, essa forma de justapor contrapontos como se fosse um collage polifônico. Uma vez identificadas minhas próprias referências musicais pude finalmente adentrar-me em meu eu e encontrar-me com equivalências anímicas, como no caso da poesia de César Moro e Jorge Cáceres, poetas cuja expressão do erótico se aproxima muito da minha, ao menos dentro do Surrealismo.

De uns dois ou três anos para cá estou em um lugar anímico distinto: é como se a totalidade do mundo estivesse à minha disposição. Tudo é exprimível, tudo está a serviço da transformação do mundo. Sinto-me inteiramente VIVA.

 





 



Poeta, tradutor, ensaísta, artista plástico, dramaturgo, FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957) é conhecido por haver criado, em 1999, a Agulha Revista de Cultura, veículo pioneiro de circulação pela Internet e dedicado à difusão de estudos críticos sobre arte e cultura. Ao longo de 23 anos de ininterrupta atividade editorial, a revista ampliou seu espectro, assimilando uma editora, a ARC Edições e alguns projetos paralelos, de que são exemplo “Conexão Hispânica” e “Atlas Lírico da América Hispânica”, este último uma parceria com a revista brasileira Acrobata. O trabalho de Floriano também se estende pela pesquisa, em especial o estudo da tradição lírica hispano-americana e o Surrealismo, temas sobre os quais tem alguns livros publicados. Como artista plástico, desde a descoberta da colagem vem desenvolvendo, com singular maestria, experiências que mesclam a fotografia digital, o vídeo, a colagem, a ensamblagem e outros recursos. Como ele próprio afirma, o magma de toda essa efervescência criativa se localiza na poesia, na escritura de poemas, na experiência com o verso, inclusive a prosa poética, da qual é um dos grandes cultores. Escritura Conquistada é um complemento aos projetos: Atlas Lírico da América Hispânica (revista Acrobata) – poemas traduzidos para o português – e Conexão Hispânica (Agulha Revista de Cultura) – estudos críticos sobre poetas. Nesta terceira linha, também dedicada à tradição lírica na América Hispânica, encontramos juntos os ensaios, entrevistas e prólogos assinados por Floriano Martins. Parte significativa desse material – as entrevistas – compõe o volume homônimo, Escrita Conquistada, publicado em 2018.


1874-1942 José María Eguren (Perú) A POESIA DE JOSÉ MARÍA EGUREN

1893-1948 Vicente Huidobro (Chile) LA COSECHA VERTIGINOSA DE LA IMAGEN POÉTICA

1899-1986 Jorge Luis Borges (Argentina) AS ENTREVISTAS COM JORGE LUÍS BORGES

1903-1958 César Moro (Perú) CÉSAR MORO ENTRE AMIGOS

1903-1973 Aldo Pellegrini (Argentina) SOBRE SURREALISMO

1904-1973 Pablo Neruda (Chile) A POESIA DE PABLO NERUDA

1910-1996 Enrique Molina (Argentina) OS COSTUMES ERRANTES DE ENRIQUE MOLINA

1912-2002 Pablo Antonio Cuadra (Nicaragua) POESÍA: EL ENSAYO DE LO INEFABLE

1915-1995 Enrique Gómez-Correa (Chile) TESTIMONIOS DE UN POETA EXPLOSIVO

1915-2001 Juan Liscano (Venezuela) LA EXPRESIÓN DE LO ESENCIAL

1917-2011 Gonzalo Rojas (Chile) A POESIA DE GONZALO ROJAS

1919-1974 Eunice Odio (Costa Rica) LAS VERTIENTES DEL FUEGO

1920-1994 Freddy Gatón Arce (República Dominicana) LA HUMANIDAD SECRETA DE LOS ABISMOS

1920-1999 Olga Orozco (Argentina) RETRATO-RELÂMPAGO DE OLGA OROZCO

1920-2004 Fernando Charry Lara (Colombia) PASIÓN Y REFLEXIÓN DE LA POESÍA

1921-2004 Javier Sologuren (Perú) UNA POÉTICA DE LA LEVEDAD

1921-2007 Otto-Raúl González (Guatemala) GUATEMALA Y SUS VOCES OCULTAS

1921-2010 Amanda Berenguer (Uruguay) VIAJES INCESANTES DEL LENGUAJE

1923-2013 Álvaro Mutis (Colombia) A POESIA DE ÁLVARO MUTIS

1924-2018 Claribel Alegría (Nicaragua) RECUERDOS DE LA REALIDAD

1924-2021 Manuel de la Puebla (Puerto Rico) MEMORIA POÉTICA DE UN PAÍS

1927 Carlos Germán Belli (Perú) PRECIOSOS MISTERIOS DE LA EXPERIENCIA POÉTICA

1927-2000 Francisco Madariaga (Argentina) “SOY SÓLO UN PEÓN DEL PLANETA”

1927-2010 Rolando Toro (Chile) A POESIA DE ROLANDO TORO

1927-2019 Ludwig Zeller (Chile) EL SURREALISMO EN LA MESA (Part. Susana Wald)

1928 Graciela Maturo (Argentina) LAS VANGUARDIAS EN ARGENTINA

1929-2016 Américo Ferrari (Perú) EL RECORTE SAGRADO DE LAS PALABRAS

1930-2011 Roberto Sosa (Honduras) HONDURAS EN SU AMBIENTE POÉTICO

1930-2018 José Guillermo Ros-Zanet (Panamá) ENCUENTROS Y DESENCUENTROS

1931 Juan Calzadilla (Venezuela) HUMOR Y SÍNTESIS EN EL ACTO CREADOR

1931-2016 Jorge Ariel Madrazo (Argentina) EL POEMA COMO CUERPO VIVO

1932 Circe Maia (Uruguay) UNA VOZ A TRAVÉS DEL TIEMPO

1932 Pedro Lastra (Chile) DEL ESPEJO A LA MULTIPLICACIÓN DE LAS VOCES

1932-2004 Marosa di Giorgio (Uruguay) DIÁLOGO SIN PAUSA

1932-2013 Carlos M. Luis (Cuba) DOS ENCUENTROS

1932-2019 Thelma Nava (México) SOBRE LA REVISTA PÁJARO CASCABEL

1933-2009 Alfredo Silva Estrada (Venezuela) INSCRIPCIONES EN EL ESPACIO POÉTICO

1933-2023 Manuel Mora Serrano (República Dominicana) DOS ENCUENTROS

1934-2014 Gerardo Deniz (México) RECORTES DE UNA IRONÍA APASIONADA

1934-2021 Rodolfo Alonso (Argentina) LA RIQUEZA ABANDONADA DE LA POESÍA

1937 Miguel Grinberg (Argentina) UNA MIRADA EN LAS VANGUARDIAS

1937-2020 Rodrigo Pesántez-Rodas (Ecuador) EL ECUADOR DE LAS LUCES

1938 Fernando Palenzuela (Cuba) CONVERSA SOBRE LA REVISTA ALACRÁN AZUL

1938-2008 Eugenio Montejo (Venezuela) ANOTACIONES DE LA PERMANENCIA DEL CANTO

1939 José Roberto Cea (Honduras) CASI UN TESTAMENTO POÉTICO

1939-2014 Ulises Estrella (Ecuador) SOBRE LAS REVISTAS PUCUNA E LA BUFANDA DEL SOL

1940 Francisco Morales Santos (Guatemala) DOS ENCUENTROS

1940 Gustavo Pereira (Venezuela) “AL DIABLO LOS VERSOS”

1940 José Kozer (Cuba) DOIS ENCONTROS

1940 Jotamario Arbeláez (Colombia) EXTRAVAGANCIAS POÉTICAS DEL NADAÍSMO

1941 Hildebrando Pérez Grande (Perú) LAS VANGUARDIAS EN EL PERÚ

1941 Luis Alberto Crespo (Venezuela) RESONANCIAS DEL ESPÍRITU POÉTICO

1943 Eduardo Mitre (Bolivia) LA RAZÓN ARDIENTE DE LA POESÍA

1944 Armando Romero (Colombia) DOS POETAS, CUATRO ENCUENTROS

1944 Francisco Proaño Arandi (Ecuador) DOS ENCUENTROS

1944 Renée Ferrer (Paraguay) DOS ENCUENTROS

1945 Harold Alvarado Tenorio (Colombia) POESIA & OUTRAS ESPÉCIES

1946 Carlos Vásquez-Zawadzki (Colombia) LAS VANGUARDIAS EN COLOMBIA

1946 Guido Rodríguez Alcalá (Paraguay) LAS VANGUARDIAS EN PARAGUAY

1947 Juan Cameron (Chile) LAS VANGUARDIAS EN CHILE

1947 Juan Carlos Mieses (República Dominicana) DETRÁS DE LAS PALABRAS Y LOS RITMOS

1947 Susana Giraudo (Argentina) LA POESÍA Y SUS NOMBRES INFINITOS

1948 Helen Umaña (Honduras) LAS VANGUARDIAS EN HONDURAS

1948 Miguel Espejo (Argentina) LAS VANGUARDIAS EN ARGENTINA

1948-2022 Alfredo Fressia (Uruguay) EN LAS FISURAS DE LA MIMESIS

1950 Alfonso Velis Tobar (El Salvador) LAS VANGUARDIAS EN EL SALVADOR 

1950 Soledad Alvarez (República Dominicana) LAS VANGUARDIAS EN LA REPÚBLICA DOMINICANA

1950-2018 Enrique Verástegui (Perú) O MOTOR DO DESEJO

1951 Carlos Francisco Monge (Costa Rica) DOS ENCUENTROS

1951 Jesús David Curbelo (Cuba) LAS VANGUARDIAS EN CUBA

1952 David Cortés Cabán (Puerto Rico) LAS VANGUARDAS EN PUERTO RICO

1952 Julio del Valle-Castillo (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA

1952 Martin Jamieson (Panamá) LAS VANGUARDIAS EN PANAMÁ

1952 Orlando José Hernández (Puerto Rico) LAS VANGUARDAS EN PUERTO RICO

1954 Ernestina Elorriaga (Argentina) DOS POETAS EN UNA MESA DE LUZ

1955 Berta Lucía Estrada (Colombia) UNA MESA VERTICAL

1955 Carlos Barbarito (Argentina) A POESIA DE CARLOS BARBARITO

1955 Mónica Salinas (Uruguay) LAS VANGUARDIAS EN EL URUGUAY

1956 Gary Daher Canedo (Bolivia) SITIO DONDE AGUARDA UN CÁNTARO

1957 Alejandro Bruzual (Venezuela) LAS VANGUARDIAS EN VENEZUELA

1957 Homero Carvalho Oliva (Bolívia) LAS VANGUARDIAS EN BOLIVIA

1957 Luis Bravo (Uruguay) LAS VANGUARDIAS EN EL URUGUAY

1958 Adriano Corrales Arias (Costa Rica) LAS VANGUARDIAS EN COSTA RICA

1958 Beatriz Hausner (Chile) CAMINHOS DO SURREALISMO

1958 José Ángel Leyva (México) DOS ENCUENTROS

1958 José Carr (Panamá) LAS VANGUARDIAS EN PANAMÁ

1958 Nicasio Urbina (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA

1958 Omar Castillo (Colombia) DIÁLOGO ENTRE DOS POETAS

1958 Rodolfo Häsler (Cuba) EN BUSCA DE LO IMPOSIBLE

1960 José Mármol (República Dominicana) LA OTREDAD SORPRENDIDA DEL POETA

1960 Vilma Tapia Anaya (Bolivia) DOS ENCUENTROS

1961 Enrique de Santiago (Chile) LAS VANGUARDIAS EN CHILE

1962 Arturo Gutiérrez Plaza (Venezuela) LAS VANGUARDIAS EN VENEZUELA

1962 Raúl Serrano Sánchez (Ecuador) LAS VANGUARDIAS EN ECUADOR

1963 Pedro Xavier Solis (Nicaragua) LAS VANGUARDIAS EN NICARAGUA

1963-2016 Gonzalo Márquez Cristo (Colombia) CORRESPONDENCIAS ENTRE POESÍA Y ACCIÓN

1965 Jorge Fernández Granados (México) LAS VANGUARDIAS EN MÉXICO

1969 Luis Alvarenga (El Salvador) LAS VANGUARDIAS EN EL SALVADOR

1972 Gabriel Chávez Casazola (Bolívia) LAS VANGUARDIAS EN BOLIVIA

1972 Xavier Oquendo Troncoso (Ecuador) DIÁLOGO EN EL CENTRO DEL MUNDO

1973 Carolina Zamudio (Argentina) LA ILUSIÓN TRANSITORIA DE LOS ESPACIOS

1973 Ricardo Venegas (México) LA POESÍA DE RICARDO VENEGAS

1974 Fabricio Estrada (Honduras) LAS VANGUARDIAS EN HONDURAS

1974 Javier Payeras (Guatemala) LAS VANGUARDIAS EN GUATEMALA

1983 Manuel Iris (México) LAS VANGUARDIAS EN MÉXICO

1984 Alex Morillo Sotomayor (Perú) LAS VANGUARDIAS EN PERÚ


 


 

 

OBRA ENSAÍSTICA PUBLICADA

 

El corazón del infinito. Tres poetas brasileños. Trad. Jesús Cobo. Toledo: Cuadernos de Calandrajas, 1993.

Escritura conquistada. Diálogos com poetas latino-americanos. Fortaleza: Letra & Música, 1998.

Escrituras surrealistas. O começo da busca. Coleção Memo. Fundação Memorial da América Latina. São Paulo. 1998.

Alberto Nepomuceno. Edições FDR. Fortaleza. 2000.

O começo da busca. O surrealismo na poesia da América Latina. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2001.

Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra América. San José de Costa Rica: Ediciones Andrómeda, 2004.

Un nuevo continente. Antología del Surrealismo en la Poesía de nuestra AméricaCaracas, Venezuela: Monte Ávila Editores, 2008.

A inocência de pensar. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2009.

Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica2 tomos. Caracas: Fundación Editorial El Perro y La Rana. 2010.

Invenção do Brasil – Entrevistas [edição virtual]. São Paulo: Editora Descaminhos, 2013.

Esfinge insurrecta – Poesía en Chile [edição virtual, em coautoria com Juan Cameron]. Fortaleza: ARC Edições, 2014.

Un poco más de surrealismo no hará ningún daño a la realidad. México: UACM – Universidad Autónoma de la Ciudad de México, 2015.

Sala de retratos. São Paulo: Opção Editora, 2016.

Um novo continente – Poesia e Surrealismo na América. Fortaleza: ARC Edições, 2016.

Valdir Rocha e a persistência do mistério. Fortaleza: ARC Edições, 2017.

Laudelino Freire. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2018.

Escritura conquistada – Poesía hispanoamericana. Fortaleza: ARC Edições, 2018.

Visões da névoa: o Surrealismo no Brasil. Natal: Sol Negro Edições, 2019.

120 noites de Eros. Fortaleza: ARC Edições, 2020.

 

TRADUÇÕES

 

Poemas de amor, de Federico García Lorca. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.

Delito por dançar o chá-chá-chá, de Guillermo Cabrera Infante. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1998.

Nós/Nudos, de Ana Marques Gastão (edição bilíngue). Lisboa: Gótica, 2004.

A condição urbana, de Juan Calzadilla (edição bilíngue). Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005.

Dentro do poema – Poetas mexicanos nascidos entre 1950 e 1959, Org. Eduardo Langagne. Fortaleza: Edições UFC, 2009.

A aventura literária da mestiçagem, de Pablo Antonio Cuadra (em parceria com Petra Ramos Guarinon). Fortaleza: Edições UFC, 2010.

III novelas exemplares & 20 poemas intransigentes, de Vicente Huidobro & Hans Arp. Natal: Sol Negro Edições/São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2012.

Sobre Surrealismo, de Aldo Pellegrini (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2013.

Memória de Borges – Um livro de entrevistas (2 volumes). São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2013.

Bronze no fundo do rio, de Miguel Márquez (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2014.

Tremor de céu, de Vicente Huidobro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2015.

Costumes errantes ou a redondeza da terra, de Enrique Molina (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2016.

Reino de silêncio, de Mía Gallegos (edição bilíngue). Teresina: Kizeumba Edições, 2019.

Traduções do universo, de Vicente Huidobro. Natal: Sol Negro Edições, 2016.

O álcool dos estados intermediários, de Gladys Mendía. Santiago: LP5 Editora, 2020.

A tartaruga equestre, de César Moro (edição bilíngue). Natal: Sol Negro Edições, 2021.

 

  

 

Agulha Revista de Cultura

Criada por Floriano Martins

Dirigida por Elys Regina Zils

https://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/

1999-2024 



 

 

 

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